sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

6 razões por que tantas mulheres questionam o movimento feminista

Confesso que escrever um texto sobre feminismo e os porquês de não me identificar com o movimento soa um pouco estranho para mim. Logo eu, que fui trabalhar aos 15 anos fazendo bicos, entrei cedo na faculdade, arrumei um trabalho no primeiro ano e estou há quase 14 anos no mercado financeiro, sendo que em boa parte deles trabalhei em bancos e corretoras, ambientes majoritariamente masculinos. Eu sempre achei que feminismo fosse sobre ir atrás dos seus sonhos, querer os mesmos direitos e deveres que os homens, provar por competência que não somos menos capacitadas que ninguém e podemos desempenhar as mais variadas funções. Sexo frágil? My ass!!
Só que eu estava enganada. Muito enganada.
O movimento feminista teve início com as sufragistas no final do século XIX e ganhou mais relevância no começo do século XX, na Inglaterra. Na época, era notório que elas trabalhavam mais e ganhavam menos, não podiam votar e estavam constantemente sujeitas a abusos sexuais. Enxergando essas disparidades, as mulheres inglesas começaram a fazer protestos em várias cidades, especialmente na capital. O foco principal se tornou o direito ao voto, mas o movimento acabou sendo muito mais do que isso.
No Brasil, boa parte das reivindicações pelo direito ao voto feminino partiu de homens. Sim! Em 1891, quando o Congresso Nacional começou a discutir o assunto, o constituinte Almeida Nogueira pediu que fossem revistas as condições de voto, considerando que a constituição não proibia distintamente o voto feminino. No ano seguinte, 31 constituintes assinaram a emenda de Saldanha Marinho, que estendia a todas as brasileiras o direito de votar. Dois homens que viriam a ser Presidentes da República foram a favor disso: Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca. Nomes importantes como Rui Barbosa, Barão do Rio Branco e Godofredo Lamounier também apoiaram o movimento. Mesmo com esse esforço inicial, foram pouco mais de três décadas desde o início das discussões para que o Brasil finalmente cedesse às mulheres o direito ao voto, em 1932.
Esse espírito das sufragistas me representa. Direitos e deveres iguais, sem vitimismo, em busca de uma sociedade que escute seus cidadãos, sejam eles quem forem, dando às mulheres o status de ser humano do qual nunca deveriam ter sido privadas. Se vocês resolverem checar meus textos antigos, verão que me considerava uma feminista. Já tomei muitos tombos, aprendi bastante com os erros e, acreditem, a convivência diária no meio masculino me tornou mais forte, menos fresca e, claro, até menos sensível. Para mim, ser feminista era simplesmente isso: ser mulher, segura, madura, não ter medo de nenhum desafio e não levar desaforo para casa, sem enxergar os homens como inimigos. E por que me desiludi tanto com o movimento?
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1. Não é um movimento sobre igualdade.

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Tenho certeza que boa parte das mulheres que leram esse primeiro item pensaram: “essa não sabe nada do que fala, pois o contrário de machismo não é feminismo e, sim, femismo”. Eu sei, cara colega, mas você já viu declarações de grupos feministas ultimamente? Então talvez tenha reparado que, cada vez mais, prega-se um ódio irracional contra os homens – todos eles –, culpando-os por seus fracassos, problemas e frustrações. O que seria o feminismo de verdade, no meu entendimento? Lutar por direitos e DEVERES iguais, onde somos colocadas em pé de igualdade na execução de tarefas, mas também lembrando que há diferenças naturais entre homens e mulheres e que não há problema algum nisso. Não adianta lutar por igualdade de salários, por exemplo, sem entender que para isso é preciso ter a mesma produtividade. Estou dizendo que mulheres são menos capazes, então? NÃO! É claro que não. Mas concordam que, se mulheres sempre ganhassem menos que homens, então as empresas só contratariam mulheres? Concordam que muitas mulheres optam por carreiras que são, por natureza, menos rentáveis?
Além disso, muitas acham normal colocar as mulheres na vida política, que sabemos ser um setor com baixa participação feminina, através de cotas. Cotas? Por acaso isso significa haver mais igualdade ou simplesmente, a partir disso, os partidos terão que achar qualquer mulher que se interesse, mas não realmente quem tenha vocação e disposição para a política? Houve ainda o caso de uma vereadora de Porto Alegre, Fernanda Melchiona, que conseguiu aprovar cota de 20% para mulheres em vagas no Uber. Onde é que isso representa igualdade? Se a empresa não achar mulheres suficientes para preencher as vagas – que estão lá para serem preenchidas por quem for capacitado, independentemente de ser homem ou mulher – terão que DEMITIR homens e se encaixar na determinação. Não é fantástico? Um movimento que luta por igualdade e causa desemprego. Nunca vou entender isso.

2. Meu corpo, minhas regras. Seu corpo… minhas regras.

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Como liberal que sou – movimento onde a pauta feminista esteve sempre em voga, já que acreditamos na liberdade de expressão do indivíduo seja ele quem for -, vale a máxima de que cada um deve fazer o que quiser, desde que não atrapalhe ou interfira na liberdade do outro. O que quero dizer com isso? Não me importo que alguém pratique sua religião, por exemplo, mas não quero que tentem me catequizar. Simples. O movimento feminista resolveu tomar o monopólio das virtudes das mulheres e decidir o que é melhor para a vida de cada uma delas ao redor do mundo. Se você sair dessa cartilha, ah, minha cara, você é machista e oprimida pelo patriarcado sem saber.
Vejamos: uma mulher que queira ser mãe e abdica de sua profissão. O que você acha disso? Novamente, como liberal, eu não tenho que achar nada. A vida não é minha, certo? Para as feministas, no entanto, isso está errado. Ser mãe, abdicar da carreira, cuidar dos filhos e até mesmo ter um certo gosto por roupas mais recatadas é tido como algo abominável. Ora, se o lugar da mulher é ONDE ELA QUISER, ela não poderia ESCOLHER o que quiser? Ou só vale quando for algo que o movimento julgue como certo? Mulheres que decidem expor seus corpos em revistas masculinas, por exemplo, são abominadas. Dizem que isso objetifica a mulher. Alguém as obrigou a fazer isso? Não que eu saiba. Entretanto, quando alguma mulher que elas dizem quebrar o padrão de beleza imposto pela sociedade faz exatamente a mesma coisa – posa nua para revistas masculinas –, aí se torna “empoderamento” feminino. Um peso e duas medidas? No movimento feminista, quase sempre você verá isso.
Outra coisa que me incomoda muito é o desejo quase orgástico de querer quebrar o tal padrão de beleza, impondo aos outros aquilo que você acha que é bonito. Quantas e quantas vezes somos bombardeados com fotos de mulheres com pelos embaixo do braço, dizendo que isso é um protesto contra o machismo, contra o padrão de beleza e, de novo, empoderamento da mulher?? Ou seja, você não pode nem ter uma OPINIÃO sobre aquilo, não pode achar feio, como você poderia achar feio qualquer tipo de roupa, cabelo ou atitude. Não. A opinião não nos pertence mais, de acordo com este movimento. E se você achar feio, ora, você só pode ser machista.
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3. O ódio contra os homens.

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Você, mulher que está lendo esse artigo. Você deve ter, no mínimo, um desses homens à sua volta: pai, irmão, sobrinho, filho, avô, namorado ou marido. Como você se sentiria se alguém lhe dissesse que todos eles são potenciais estupradores? Pois é. Dá náuseas, não dá? Pois o movimento feminista quer que você acredite que todo homem pode estuprar uma mulher a qualquer hora, basta ter hora certa e lugar certo, basta ter uma oportunidade. Seriam as mulheres, então, providas de uma bondade divina que não faz parte da natureza masculina? Ou será que tem gente má e gente boa em qualquer lugar, qualquer ambiente, qualquer meio social, de qualquer sexo e de qualquer orientação sexual? Atacar todos os homens como uma unidade do mal, pronta a dar o bote a qualquer momento é simplesmente fomentar o ódio a pessoas que fazem, queiram elas ou não, parte da nossa vida.
É preciso lutar diariamente contra abusos e estupros, que infelizmente ainda são um grande problema aqui e no mundo todo, sem dúvida! Estou nessa luta. Mas culpar TODOS os homens por isso, ainda afirmando que há uma cultura do estupro? Por acaso alguém à sua volta acha isso normal? Algum amigo seu já te contou, num papo informal, que estuprou uma mulher e todo mundo achou isso ok? Ou conhece alguém que acha natural uma mulher ser agredida? Provavelmente não. E se conhece, ele não é representante da maioria, por mais que muitas mulheres queiram encaixar isso em suas narrativas. E aí vêm os falsos relatos de abusos, tudo para tentar fazer parecer que homens são a pior coisa do mundo. Onde é que isso ajuda, de verdade, a luta das mulheres contra assédios, abusos e estupros? Já presenciei casos em que homens foram expostos como assediadores ou até estupradores e isso não era verdade. Quem repara o dano feito a ele e sua família?

4. A histeria coletiva.

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Quase toda semana somos surpreendidos (embora isso já não seja mais surpresa) por notícias de empresas que são achincalhadas por grupos de feministas. O caso mais recente aconteceu com uma barbearia. Uma mulher resolveu cortar o cabelo lá e, ao ser informada de que só atendiam homens, deu o maior chilique, dizendo que era feminista e aquilo era um absurdo, ser discriminada em pleno século XXI. Como feminista é mais corajosa pelas redes sociais, juntou as amigas na página da barbearia no Facebook para denegrir a imagem da empresa. O detalhe? Ela não foi maltratada, o estabelecimento pertence a uma mulher (empoderamento para mim é empreender nesse Brasil de loucos) e o estabelecimento é ESPECIALIZADO em serviços para homens. Qual é o problema, gente? Tantos lugares são especializados em serviços para mulheres e ninguém reclama! Onde está o sentido da vida dessa menina em tentar denegrir a imagem da barbearia? Em vez de focarem nos problemas de verdade, preferem achar machismo em tudo e sair por aí vociferando palavras de ordem.

5. A recusa ao direito de defesa e punição severa.

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Mulheres deveriam, antes de mais nada, ter o direito de se defender. Entretanto, o movimento feminista, que geralmente se posiciona à esquerda, é contra o armamento da população, incluindo as mulheres. Tenho spray de pimenta na bolsa, fiz artes marciais durante boa parte da minha vida, aprendi a atirar, ainda com 15 anos, com meu avô e garanto a vocês que estranho algum entrará na minha casa sem consequências. Por incrível que pareça, feministas veem problemas nesse meu perfil, acham até mesmo que se trata de discurso de ódio. Onde está a lógica?
Em relação à punição, tentam a todo custo criminalizar até cantadas banais na rua, como se um assobio fosse assédio (embora seja um ato de extremo mau gosto). Mas na hora de punir estupradores, não querem nada que soe “extremista”, como a redução da maioridade penal, por exemplo. E quantos homens menores de idade praticam este ato terrível contra mulheres??? Seriam eles oprimidos pela sociedade, incapazes de entender o que estavam fazendo? O mais engraçado é pensar que movimentos feministas julgam que crianças possam começar a fazer tratamento de mudança de sexo, mas não podem ser responsabilizados por atos hediondos como um estupro ou assassinato.
Novamente, a lógica foi passear e não voltou.

6. O esquecimento das verdadeiras oprimidas.

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Como vocês sabem, milhares e milhares de mulheres sofrem nas mãos de homens e de uma sociedade injusta e desigual no mundo árabe. São crianças, adolescentes, mulheres, mães, irmãs, avós, tias e sobrinhas que sofrem DE VERDADE. São coisas tão absurdas que, como mulher – aliás, como ser humano -, me embrulham o estômago só de pensar. Mulheres são açoitadas, apedrejadas, sofrem estupros coletivos, são obrigadas a casar com seus estupradores, as casadas que sofrem estupros são presas e até condenadas à morte, crianças sofrem mutilação genital, são obrigadas a casar com homens bem mais velhos, algumas morrem na “noite de núpcias”, quando, na verdade, são estupradas, são deformadas com ácido, mortas pelos próprios parentes para defender a honra, entre várias e várias barbaridades que, só de escrever para esse artigo, me dá vontade de gritar. Onde estão as feministas para lutar pelo direito dessas mulheres? Tente falar sobre isso e será chamado de islamofóbico. Em nome do multiculturalismo, as mulheres que se dizem defensoras dos direitos femininos simplesmente ignoram a realidade do outro lado do mundo, algumas até mesmo defendendo que não podemos interferir na cultura alheia. Então, me explique, como é que fazer protestos com os seios à mostra, pelos embaixo do braço, encenações artísticas com introdução dos mais variados objetos em seus corpos, ajuda ALGUMA mulher a qualquer coisa? Ou será que eu estou maluca e isso realmente tem algum sentido?
Um caso bem recente que mostra a hipocrisia desses movimentos aconteceu na Marcha das Mulheres, que tomou conta dos EUA na semana passada. Uma das fundadoras do movimento, colocada no site oficial da Marcha como “co-chair”, é Linda Sarsour, muçulmana nascida no Brooklyn, NY, e defensora da Sharia, a Lei Islâmica. Podem conferir seus tweets e verão que, para ela, o direito das mulheres é secundário quando se tem outros direitos garantidos pelo Estado. Em um deles, ela diz que ninguém deveria ligar para o direito de dirigir. Na Arábia Saudita, há licença-maternidade paga por dez meses! Isso é muito mais importante. Ela diz também que “você saberá quanto estiver sob a Sharia quando os juros de seu cartão de crédito e empréstimos tiverem sumido”. Ou seja, o problema do mundo é o capitalismo, mas não uma lei radical islâmica que subjuga as mulheres e comete os atos mais bárbaros contra elas.
Tente protestar na Arábia Saudita. Tente. Só não garanto que você voltará para contar a história.

Conclusão

Não me descrever mais como feminista não muda meu ponto de vista em relação à luta pelos direitos e deveres das mulheres, pelo nosso espaço na sociedade, para mostrar que mulheres podem ser absolutamente tudo o que quiserem. Machismo existe sim! Mas a luta contra ele não pode ser pautada pelo ódio aos homens, à família, às escolhas individuais de cada uma. Hoje, depois de muita reflexão sobre o assunto, me intitulo apenas uma mulher liberal, que pode incentivar outras mulheres a enfrentar qualquer desafio que tiverem, sem medo e sem abaixar a cabeça. Eu não preciso do feminismo, mas o feminismo precisa de mim para, quem sabe um dia, lutar pelo direito das mulheres no mundo todo, sem restrição e sem fanatismos típicos de gente frustrada e sem amor.
Vem ser liberal comigo?
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Irã detém 29 mulheres por retirarem véu em públicoCampanha de protesto 'Quartas-feiras Brancas' exige mais liberdades individuais

Irã detém 29 mulheres por retirarem véu em públicoCampanha de protesto 'Quartas-feiras Brancas' 
exige mais liberdades individuais 
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TEERÃ — A polícia iraniana informou na quinta-feira que deteve 29 mulheres que retiraram seus véus em público, em protesto contra a lei de 1983 que torna seu uso obrigatório. De acordo com as autoridades iranianas, as mulheres detidas fazem parte de uma campanha conhecida como "Quartas-feiras Brancas", em que mulheres retiram seus véus.


 

Imagens recentes mostram que os atos normalmente são feitos em lugares de grande circulação, com manifestantes subindo em plataformas, retirando a peça do vestuário e agitando o tecido no ar. Numa delas, uma mulher religiosa, de véu e chador (o traje negro que vai até os pés), apoia as manifestantes acenando ela própria com um lenço.
A agência de notícias semioficial Tasnin, ligada à Guarda Revolucionária, acusa o movimento de ter sido incentivado por canais de TV de fora do país, que transmitiriam a convocação das "Quartas Brancas" ilegalmente, via satélite. Uma jornalista e ativista radicada nos Estados Unidos, Masih Alinejad, iniciou a campanha em 2017. Masih, que trabalha para a emissora do governo americano Voz da América, negou, em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", que receba fundos de governos estrangeiros para a campanha.
A agência Tasnin, no entanto, não especificou o intervalo entre as detenções nem o local em que foram realizadas. Mulheres que mostram o cabelo em público no país podem ser detidas por até dois meses ou pagar uma fiança equivalente US$ 25. O procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, descreveu os atos como "infantis" e motivados por ativistas "de fora do país".
Apesar da reação da linha-dura, o tema tem sido debatido inclusive no Parlamento iraniano. De acordo com outra agência de notícias, a Ilna, uma deputada, Soheila Jolodarzadeh, disse em plenário que os protestos são consequência de restrições prolongadas. "Eles estão acontecendo por causa de uma abordagem errada da nossa parte", afirmou ela. "Nós impusemos restrições às mulheres, restrições desnecessárias. É por isso que as meninas estão colocando seus lenços em bastões."

A lei imposta pela República Islâmica em 1983 para o uso obrigatório do véu seguiu política oposta à da dinastia dos Pahlevi, derrubada na revolução de 1979, que proibiu o uso do véu pelas mulheres nos anos 1930. A proibição afastava da vida pública, incluindo das escolas e universidades, mulheres de famílias religiosas, em geral mais pobres. A proibição foi relaxada durante o regime do xá Mohammad Reza Pahlevi (1941-1979), mas o uso do véu ainda era visto como um empecilho à ascensão social.



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