quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Estudo afirma que gays podem abandonar a homossexualidade

Estudo afirma que gays podem abandonar a homossexualidade

Erica Goode

NOVA YORK - Um psiquiatra da Universidade de Colúmbia, que argumenta que a profissão da saúde mental "comprou totalmente a idéia de que uma vez gay você não pode mais ser mudado", informou na quarta-feira (09) que alguns gays "altamente motivados" podem se tornar heterossexuais.
O pesquisador, o dr. Robert Spitzer, disse que seu estudo foi baseado em entrevistas por telefone de 45 minutos com 143 homens e 57 mulheres que buscaram ajuda para mudar sua orientação sexual. Ele e seus colegas descobriram que 66% dos homens e 44% das mulheres atingiram um "bom funcionamento heterossexual", disse ele.
"Se alguém deseja mudar e não está sendo pressionado para isto, não deveria se presumir automaticamente que se trata de um ato irracional ou de ceder à sociedade", disse Spitzer em uma entrevista.
Mas os resultados do estudo foram imediatamente criticados por grupos de direitos gays, que apontaram que a maioria dos pesquisados foram recrutados por organizações que condenam a homossexualidade, como o Exodus, uma seita cristã que se descreve em seu site na Internet como "promovedora da mensagem da 'liberdade da homossexualidade por meio do poder de Jesus Cristo'".
"É uma fraude, não ciência", disse David Elliot, diretor de comunicações da National Gay and Lesbian Task Force (força tarefa nacional de gays e lésbicas), um grupo lobista de Washington. "É um embuste científico".
O estudo ainda não foi publicado ou submetido a avaliação profissional. Mas Spitzer descreverá os resultados em Nova Orleans, como parte de um simpósio da reunião anual da Associação Psiquiátrica Americana.
Os cientistas não sabem o que determina alguém se tornar heterossexual ou homossexual. Mas a maioria acredita que a biologia tem um forte papel na orientação sexual. E a maioria das organizações de saúde mental emitiram resoluções desencorajando o uso das chamadas terapias reparativas que visam mudar homossexuais em heterossexuais, dizendo que não há evidência científica de que sejam eficazes.
Spitzer liderou a equipe que em 1973 removeu a homossexualidade da lista oficial de desordens mentais contida no manual de diagnóstico da associação psiquiátrica. Mas ele disse que decidiu que o estudo era necessário após conversar com manifestantes que se opunham à política da associação em relação a tais terapias, que também desencoraja seu uso.
"Me ocorreu que talvez o consenso geral, de que o comportamento pode ser combatido mas a orientação sexual não pode ser mudada, estava errado", disse Spitzer.
Ainda assim, ele acrescentou que o número de homossexuais que podem se tornar heterossexuais com sucesso é provavelmente "muito pequeno", como ficou evidenciado pela dificuldade que teve para encontrar candidatos para o estudo.
E ele reconheceu que os participantes do estudo eram "incomumente religiosos", e não eram necessariamente representativos da maioria dos gays e lésbicas dos Estados Unidos.
Daqueles que participaram do estudo, 78% se manifestaram publicamente a favor dos esforços para converter homossexuais em heterossexuais; 93% disseram que a religião era "extremamente" ou "muito" importante em suas vidas. Cerca de 40% disseram que antes de decidirem mudar sua orientação sexual, eles eram exclusivamente atraídos a parceiros do mesmo sexo. E todos relataram que deram início a seus esforços para mudar sua orientação sexual pelo menos cinco anos antes de serem entrevistados.
Spitzer disse que os participantes expressaram diferentes motivos para o desejo de se tornarem heterossexuais. Eles incluíram o sentimento de que o "estilo de vida" gay "não era emocionalmente satisfatório" (81% dos participantes); a crença de que sua religião entrava em conflito com o fato de serem gays (79%); e o desejo de se casarem ou permanecerem casados (67% dos homens, 35% das mulheres).
Os participantes responderam a 60 perguntas sobre seu comportamento, sentimentos e fantasias sexuais antes e depois do início dos esforços para mudar sua orientação sexual.
Muito poucos pacientes, disse Spitzer, relataram estar completamente livres dos sentimentos homossexuais ou fantasias sexuais no ano que antecedeu a entrevista. Mas 29% dos homens e 63% das mulheres disseram que estavam "apenas ligeiramente incomodados" com tais sentimentos.
Os pesquisadores definiram "bom funcionamento heterossexual" como estando em "um relacionamento heterossexual amoroso e emocionalmente satisfatório" no ano que antecedeu a entrevista, tendo praticado sexo heterossexual satisfatório pelo menos mensalmente e nunca ou raramente ter pensado em parceiros do mesmo sexo durante o ato sexual heterossexual.
Em contraste, o dr. Ariel Shidlo e o dr. Michael Schroeder, ambos psicólogos de uma clínica particular em Manhattan, relataram que a grande maioria dos pacientes em seu estudo, que foram recrutados pela Internet e por mala direta para grupos que defendem a terapia reparativa, informaram fracasso em seus esforços de mudar por meio destas terapias.
O estudo deles ainda não foi publicado ou apresentado para análise profissional. Schroeder disse que 18 pacientes que se consideravam "bem-sucedidos" em se tornarem heterossexuais "não se enquadram no que o público considera como sucesso".
"Eles eram celibatários ou continuam a lutar contra o desejo ou comportamento homossexual", disse ele.
Muitos pacientes, disse Schroeder, investiram de 5 a 15 anos em terapias, e quando não foram bem-sucedidos, eles experimentaram "um excessivo sentimento de perda".
Tradução: George El Khouri Andolfato
http://providafamilia.org/doc.php?doc=doc95720